Poucos choram a morte de um criminoso,
alguns choram a morte de quem se prostitui, alguns choram por viciados, pelos
que fazem opções de vida com menor aceitação social ou que por sua aparência ou
atitude desagradam.
Apesar disso eles continuam aparecendo,
existindo e morrendo, em número cada vez maior.
Por mais que a sociedade insista em
excluir suas exceções, até mesmo pela morte, elas parecem se multiplicar!
Não é aparência.
Não é uma novidade.
Por que com todo
avanço intelectual, das ciências, e mesmo das religiões, o problema de lidar
com os “desajustados”, continua sem solução real?
Talvez
seja porque é da lei natural a variedade, talvez seja apenas pelo preconceito,
admitamos que estes não são o maior problema da sociedade humana para ser digno
de ter sábios debruçados sobre ele, mas, vemos estampados nos noticiários que
estes “diferentes”, erguidos à condição de exemplo com tanto alarde dos seus “feitos”,
crescem em número, absurdamente, já que são exceções, lotando sistemas
carcerários e filas de execução, casas de saúde e sistemas tanto judiciários
quanto previdenciários.
Não,
não dá para esconder que para manter o poder e o dinheiro nos mesmos círculos, ou
para forçar uma mudança com base na insatisfação ou na revolta estamos
permitindo que tais males se alastrem.
Seria
problema só dos que detêm o poder e o dinheiro?!
Seria
problema só dos pobres, dos sem cultura ou de qualquer regra de exceção tão em
moda, sobretudo nos discursos e na mídia?
O
problema é de todos, toda a humanidade!
Sou
totalmente a favor dos direitos humanos, mas, é preciso ter percepção de que
eles precisam começar a ser defendidos no berço.
Nossa
sociedade hiperprodutiva tem criado órfãos de pais vivos, delegado à educação acadêmica
os deveres da educação social que é da alçada familiar.
Esperar
que isso funcione é jogar milênios de experiência fora!
Como
não haveria um aumento dos problemas sociais?!
As
“exceções” continuarão a crescer, sem as escoras familiares.
São
fruto natural do desespero, da falta de limites, da falta de possibilidades, da
falta de amor vivenciado.
É
fácil para mim chorar pelos deficientes, pelos deformados, que frequentemente
nada têm dos recursos que a ciência já conquistou, e que poderia reduzir
muitíssimo seus padeceres e de seus familiares.
É
fácil chorar de raiva e revolta pelos danos que determinadas deformidades
morais causam neste mundo, mas, conforme avanço em minhas buscas, dá para
chorar por saber que tantos recursos realmente transformadores sequer chegarão
até os que querem e podem sair do desequilíbrio.
Chorar
por saber que antes de alguém morrer por seu próprio desequilíbrio, a
humanidade dispunha dos recursos salvadores e nada fez para estende-los.
Este
texto não é para que haja misericórdia para quem já escolheu ser “exceção”, é
para que se multipliquem os olhos e mãos em socorro e amparo aos que tateiam
nas sombras de si mesmos necessitados de uma fagulha de esperança.
Olhem
para as almas ao redor!
Identifiquem
quem será salvo da morte!
Uma
palavra, um sorriso, o simples ato de ouvir, fazem a diferença entre um
suicídio, um assassinato, uma vida na cadeia, uma cama de hospital, um dano
irreparável, um vício para toda vida, e a felicidade e progresso desejado.
Porque
depois será tarde, para evitar mais uma morte marginal.